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Manifestantes contrários às mudanças na aposentadoria voltam a protestar na França

Manifestantes contrários às mudanças na aposentadoria voltam a protestar na França

A França teve mais um dia de protestos contra a reforma das aposentadorias. O governo considera a medida fundamental para evitar um rombo bilionário na Previdência.

Pelos cálculos da ONU, um ser humano vive, em média, 73 anos. Um francês vive bem mais: 83, graças alto padrão socioeconômico do país. E a tendência é de aumento. A expectativa é de que nas próximas duas décadas, a cada três franceses, um tenha mais de 60 anos.

Esse envelhecimento da população impõe desafios. Um deles é que a quantidade de aposentados aumenta ao mesmo tempo em que diminui a de contribuintes da Previdência.

E a conta não fecha. Atualmente, os gastos com aposentadoria na França equivalem a cerca de 14% do PIB, que é o acúmulo de toda a riqueza produzida no país.

Segundo a primeira-ministra, Elisabeth Borne, se não houvesse mudanças, o rombo da Previdência poderia chegar a 150 bilhões de euros nos próximos dez anos.

Diante desse cenário, o governo do presidente Emmanuel Macron insistiu na urgência de uma reforma para manter o sistema funcionando. A proposta prevê um aumento gradual na idade mínima de aposentadoria, de 62 para 64 anos.

Apesar da mudança, ela continua mais baixa comparada à de vizinhos europeus. Na Espanha, a idade mínima de aposentadoria aprovada pela última reforma é de 65 anos; no Reino Unido, 66; e na Alemanha, 67 anos.

O governo argumenta que a reforma permitiria equilibrar o orçamento até 2030 e deixaria um superávit para permitir que algumas categorias com trabalho que exige mais esforço físico possam se aposentar mais cedo.

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Contrários ao aumento, milhares de manifestantes saíram às ruas da França. Os protestos, que começaram pacificamente, se tornaram violentos.

Apontando riscos à segurança pública, a prefeitura da capital proibiu manifestações em algumas áreas, como a Champs-Elysées e a Place de la Concorde, que fica bem próxima à Assembleia Nacional.

Em Paris, esta é a terceira noite seguida de confronto entre manifestantes e policiais.

Os protestos se intensificaram desde quinta-feira (15), quando o governo decidiu acionar um artigo da Constituição pra aprovar a reforma da previdência sem a necessidade de votação no Parlamento.

Esse artifício já foi usado mais de 100 vezes nos últimos 65 anos por governos de esquerda, centro e direita, geralmente quando o governo tem urgência e há um impasse na votação.

Parlamentares da oposição levaram ao plenário duas moções de censura, que se forem aprovadas pela maioria, podem derrubar a primeira-ministra, o que analistas consideram improvável. Essas moções devem ser analisadas já na próxima segunda-feira (20).


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