
Inflação de Belém é a segunda maior do país
O que dá para comprar com R$100 em Belém? Com a inflação, desemprego, alta nos preços, o poder de compra diminuiu no Pará e o carrinho de compras está sendo substituído pelas cestas.
Como exemplo, antes com R$100 era possível comprar 7 itens no supermercado. Agora, com o mesmo valor, se leva apenas 4 produtos para casa.
Em Belém, além do desemprego, a elevação dos preços também preocupa os consumidores. A inflação cresceu em abril - foi a segunda maior alta do país. O reflexo desses aumentos é sentido em cada ida às compras.
Em dia de supermercado, os consumidores ficam de olho nas promoções, com lista na mão e bastante contas para escolher o que cabe no orçamento.
Na capital do Pará, com R$100 se compra menos em 2022 do que em 2019. Há quatro anos, se comprava com R$100:
- 40,88 (2 kg de carne)
- 20,43 (3 kg de feijão)
- 7,71 (3 kg de arroz)
- 8,94 (3 kg de açúcar)
- 3,75 (900 ml de óleo)
- 4,36 (1 l de leite)
- 12,26 (2 dúzias de banana)
- TOTAL: R$ 98,33
Já em 2022, as compras com R$100 diminuíram:
- 78,92 (2 kg de carne)
- 7,80 (1 kg de feijão)
- 5,09 (1 kg de arroz)
- 5,93 (1 l de leite)
- TOTAL: R$ 97,74
A professora Deise Passos conta que "já não dá mais para escolher as marcas de antes". "Infelizmente o nosso poder de compra caiu consideravelmente. A gente está gastando só para se alimentar e de forma bem precária".
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica, em Belém, custa em média R$610 e é uma das mais caras do país.
No acumulado dos últimos doze meses, o reajuste foi de 20%, bem acima da inflação.
O trabalhador que recebe um salário mínimo está gastando mais da metade do que ganha para comer. "Tem que 'tá' pechinchando, hoje em dia o salário já não é muito", diz Geovane Teixeira, que está desempregado.
Preço em alta
Entre os produtos que mais subiram de preço estão feijão, tomate e óleo de cozinha em abril. A carne já sumiu do prato de muita gente. A mudança de hábito também é feita nos lares para tentar economizar. Os processados, que são mais baratos, estão sendo mais procurados.
"Está caro optar por outras coisas. No lugar da carne vai o quê? Vai o frango que está mais em conta e está na promoção hoje", conta a atendente Nayane Cardoso.
Para o economista Marcelo Neri, diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, a pandemia e a guerra no leste europeu aprofundaram a crise, que afeta especialmente as famílias mais pobres.
"O cenário é bastante preocupante e, talvez, o maior símbolo desse cenário de alta inflação e alto desemprego é a queda da renda real dos trabalhadores, de quase 10% no último ano".
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