
Série Educação: NE1 debate uso da tecnologia na formação dos estudantes
Especialistas defendem, há tempos, a inserção da tecnologia o mais cedo possível na educação para que os jovens tenham facilidade para entrar no mercado digital. Eles também dizem que investir no desenvolvimento do raciocínio lógico das crianças é uma forma de fazer com que elas se apropriem da linguagem tecnológica de forma muito mais simples (veja vídeo acima).
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(Até a sexta-feira, 11, o g1, o Bom Dia PE, o NE1 e o NE2 trazem reportagens com reflexões sobre a educação. Confira, mais abaixo, links das outras matérias.)
No NE1 desta sexta-feira (11), professores e especialistas em tecnologia conversaram sobre como facilitar a inserção dos jovens no mercado de tecnologia.
De acordo com a especialista na área de tecnologia Danielle Santana, antes de pensar em educação para a tecnologia, é preciso dar um passo atrás e refletir sobre a formação dos professores.
"Para o que é que esse professor está sendo preparado? [É preciso] preparar esse aluno para um planejamento que coloque esse aluno como protagonista, que prepare esse aluno para lidar com essas tecnologias. A escola também, porque é o artefato, o computador, o tablet, mas qual a funcionalidade daquilo nas aulas? Isso realmente é uma coisa que precisa ser repensada, que precisa ser mais estimulada", disse Danielle.
Além disso, ela defende que o raciocínio lógico seja o primeiro movimento em direção a uma educação tecnológica, desde a primeira infância.
"[É preciso] começar na educação infantil, por exemplo, trabalho com Legos, com encaixe, para entender como essa base pode ser desenvolvida, para que esse estudante possa levar aquela lógica que ele começou a entender na base, numa brincadeira colaborativa com os amigos. Que ele consiga passar para uma tela, um gráfico, uma linguagem de programação. Para que faça sentido realmente o que ele vai desenvolver num software, por exemplo", declarou Danielle.
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Educação tecnológica é tema de série de reportagens do NE1 — Foto: Reprodução/TV Globo
O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcelo Sabbatini disse que, pela história da tecnologia educacional, os usos das ferramentas tecnológicas em sala de aula já deveriam estar muito mais incorporados à rotina escolar.
"Hoje, tem se utilizado muito a terminologia ‘pensamento computacional’, que é algo que vai estar relacionado à resolução de problemas, mas também a carreiras nas áreas tecnológicas. [...] Tem que considerar o ambiente, a cultura, as relações inclusive de poder que estão ali, a linguagem das pessoas, do papel. A formação dos professores é um dos elementos que vão ser importantes nessa equação complexa", explicou Marcelo.
Apesar da necessidade de antecipar a educação tecnológica, há quem se preocupe com a exposição excessiva a essas ferramentas. A especialista em tecnologia educacional Juliana Araripe contou que é preciso dosar a forma como acontece a apropriação da tecnologia dentro e fora da sala de aula.
"O ponto está nesse equilíbrio, em entender que o uso da tecnologia, muitas vezes, é compreendido erroneamente como um instrumento de repasse de conteúdo. Existem outras tantas habilidades que precisam ser desenvolvidas. Se a gente foca só nesse repasse, a gente limita a aprendizagem do estudante apenas à aquisição do conteúdo, e não às outras habilidades sociais e cognitivas que a gente precisa desenvolver", declarou Juliana.
O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, comentou que, em países como Portugal, por exemplo, a introdução em tecnologia já começa na escola, com o ensino da linguagem algorítmica. De acordo com ele, isso facilita a compreensão, mas não é suficiente para preparar os jovens para o mercado de trabalho.
"É uma linguagem diferente, mas que facilita e melhora muito, principalmente, a questão de raciocínio lógico. Porque, no final, o que se espera de um profissional que chega no mercado não é aquilo somente que ele aprendeu e que tem condições de desenvolver, mas aquilo que ele tem condições de aprender quando ele entrar em algum emprego", afirmou Pierre.
SÉRIE EDUCAÇÃO - PERNAMBUCO
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