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‘A luta é para que Marielles possam florescer e não mais serem executadas’, diz Mônica Benício

Mônica Benício (de branco) em ato na Câmara por Marielle — Foto: Cristina Boeckel/g1

A vereadora Mônica Benício e outros parlamentares do Psol se reuniram na frente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no Centro, em um ato por justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes. O atentado completou cinco anos nesta terça-feira (14) — e ainda sem respostas sobre os mandantes.

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Mônica era companheira de Marielle e, desde o crime, busca respostas sobre o caso. Questionada sobre o que mudou desde a morte, ela diz que luta para que outras lideranças como ela possam surgir.

“Eu sou a pessoa que preciso ser, para dar continuidade a esta luta, eu sou o que o feminismo me construiu e o que essas mulheres me inspiram e para seguir. E me dão razão para continuar. E nesse lugar, da Marielle semente, a luta é para que Marielles possam florescer em todos os espaços desse país e não sejam mais executadas”, disse a vereadora.

A manifestação foi marcada pelos parlamentares do Psol, partido ao qual Marielle era filiada. O grupo estendeu a faixa com os dizeres “Quem mandou matar Marielle?” na fachada do Palácio Pedro Ernesto.

Ato na Câmara por Marielle Franco — Foto: Cristina Boeckel/g1

Feminicídio político

A deputada estadual Renata Souza, que é do Complexo da Maré, assim como Marielle, chamou o crime de "feminicídio político".

“A democracia brasileira tem uma fissura gigantesca com o feminicídio de Marielle Franco”, disse Renata.

Renata destacou que a demora na apuração dos mandantes indica o viés político do crime. Ela afirmou que Marielle foi morta com motivações políticas, assim como a juíza Patrícia Acioli.

“Cinco anos depois do assassinato de Marielle, não termos os nomes dos mandantes significa que este é um dos crimes políticos mais importantes da história brasileira, e o Estado brasileiro deve respostas à sociedade", afirmou a deputada.

Ela acredita que a abertura de um novo inquérito na Polícia Federal e as manifestações do novo governo sobre a importância de desvendar o crime podem ajudar a desvendar os mandantes.

A vereadora Luciana Boiteux afirmou que as manifestações desta quarta indicam a necessidade de cobrar mais ação no caso.

“Cinco anos é muito tempo sem resposta. E para nós, aqui na Câmara de Vereadores, é como se o crime que afetou Marielle pudesse afetar cada uma de nós a qualquer momento”, disse a vereadora.

Ainda na manhã desta terça, uma estátua em homenagem a Marielle Franco foi inaugurada no pilotis do Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, na Zona Portuária da cidade. Mônica e familiares de Marielle participaram da cerimônia.

Investigações avançam, diz ministro

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou na última segunda (13) que as investigações sobre as mortes de Marielle e Anderson estão caminhando. Ele determinou, no fim de fevereiro, a abertura de um inquérito sobre as mortes para ampliar a colaboração federal no caso e juntar forças com as investigações de órgãos estaduais do Rio de Janeiro.

“Nós temos hoje linhas de investigação postas e estamos trabalhando junto com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Acabei de conversar brevemente com o procurador-geral de Justiça do Estado do Rio [Luciano Mattos], e vamos avançar no sentido do julgamento dos que estão identificados e identificação das outras pessoas que participaram”, afirmou o ministro.

A declaração foi dada durante o evento “Liberdade de Expressão, Redes Sociais e Democracia”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dino destacou que não pode antecipar informações sobre a investigação, mas ressaltou que o trabalho conjunto busca desbaratar uma cadeia criminosa de quem teria ordenado e financiado o crime.

Ele acredita que novidades no caso podem surgir nos próximos meses.

Pais de Marielle e Lígia Medeiros Batista, diretora do Instituto Marielle Franco, diante da estátua da vereadora — Foto: Bruno Grubertt

O monumento fica no pilotis do Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, no Centro do Rio. A região receberá ao longo do dia várias homenagens à vereadora, incluindo um festival de música no fim da tarde, com artistas e parentes de Marielle.

A estátua, concebida por Paulo Nazaré, tem 11 metros de altura e foi montada com placas de alumínio e de metal. A homenagem ficará no MAR até o fim do mês — a ideia é que a estrutura rode o país.

No outro extremo da Avenida Rio Branco, na Cinelândia, faixas foram estendidas na escadaria da Câmara dos Vereadores, pedindo justiça.

Faixa pede respostas para o assassinato de Marielle — Foto: Cristina Boeckel/g1

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Faixa pede respostas para o assassinato de Marielle — Foto: Cristina Boeckel/g1

Outros eventos

Os cinco anos do atentado serão lembrados em uma série de eventos.

  • 10h: Missa por Marielle e Anderson, na Igreja Nossa Senhora do Parto, perto do Buraco do Lume.
  • 10h: Exposições com obras em homenagem a Marielle no Museu de Arte do Rio e no Museu do Amanhã, na Praça Mauá, até as 18h.
  • 10h: Instalação “5 anos é tempo demais”, da Anistia Internacional e do Instituto Marielle Franco, na Praça Mauá, até as 22h.
  • 13h: Lançamento do Boletim Segurança Pública na Maré, da Redes da Maré, no Museu de Arte do Rio.
  • 17h: Apresentações artísticas de Djonga, Luedji Luna, Azula, Marcelo D2 e outros, até as 22h, na Praça Mauá.

Esta reportagem está em atualização.


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