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Casal está desaparecido há 16 dias em Cachoeirinha (RS) — Foto: Reprodução/RBS TV
Filha e neto réus pelo homicídio e ocultação de cadáver de um casal desaparecido desde fevereiro em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram enviados para prisão domiciliar após decisão judicial. A medida foi determinada na sexta-feira (3) pelo juiz Bruno Jacoby de Lamare, da 1ª Vara Criminal do município.
Cláudia de Almeida Heger e Andrew Heger Ribas respondem pelos crimes contra Rubem Heger, de 85 anos, e Marlene Heger, de 53 anos. Presos preventivamente desde 6 de maio, ambos foram indiciados pela Polícia Civil e acusados pelo Ministério Público. O casal ainda não foi encontrado.
Em nota, a defesa de filha e neto comemorou a decisão do juiz. O advogado Rodrigo Schmitt afirmou que temia pela integridade física de sua cliente e que a Justiça "concedeu a ela a possibilidade de cuidar da própria saúde e, dessa forma, salvou a vida dela". O representante disse ter convicção de que sua cliente será inocentada.
O juiz Bruno Jacoby de Lamare sustentou, no despacho, ter recebido "informações atinentes ao estado de saúde dos denunciados que evidenciam que a integridade física deles estará em risco caso permaneçam recolhidos no sistema prisional".
No caso de Andrew, foi verificada pelo magistrado a necessidade de transferência para o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), que não teria vagas para receber o réu. Já no caso de Cláudia, o juiz apontou que a Penitenciária Estadual de Guaíba não prestou informações sobre o estado de saúde da ré, que precisou ser internada por alguns dias.
Ao g1, a Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo informou que iria verificar o assunto, sem retorno até a última atualização desta reportagem.
A Justiça considerou, ainda, que, em razão de seus problemas psiquiátricos, o réu necessitaria de cuidado especial e que a única pessoa da família apta para isso seria a própria mãe, também ré, assim estendendo a prisão domiciliar a ela. Apesar disso, o juiz determinou que filha e neto fiquem impedidos de deixar a residência sem autorização, compareçam às audiências e entreguem seus passaportes e vistos.
Conforme o Tribunal de Justiça (TJ-RS), a ação penal contra o neto está suspensa. O juiz aguarda o laudo da perícia para avaliar suposta insanidade mental do homem.

Filha e neto de idoso desaparecido viram réus por assassinato em Cachoeirinha
Entenda o caso
Rubem e Marlene foram vistos, pela última vez, em 27 de fevereiro de 2022. Câmeras de segurança de uma casa vizinha registraram as possíveis últimas movimentações na residência do casal.
Nas imagens, é possível ver a filha e o neto chegando ao local para almoçar com o pai e a madrasta. Quatro horas depois, a mulher coloca colchões nas portas da garagem e bloqueia a visão de quem passa pela rua. Logo depois, eles saem, fecham o portão e vão embora. Não é possível ver se o casal também estava no carro.
A filha disse à polícia que levou o casal para sua residência, em Canoas, onde o pai e madrasta teriam permanecido por alguns dias. Após supostamente ir a uma unidade de saúde para uma consulta, a mulher voltou para casa e não encontrou mais Rubem e Marlene.
Um outro neto de Rubem havia estranhado o sumiço. Segundo ele, o avô tinha enfisema pulmonar e fazia uso diário de medicamentos, além de precisar de oxigênio eventualmente.

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O pedido de prisão dos investigados foi remetido ao Judiciário após a perícia apontar que o sangue encontrado nas paredes da casa dos fundos onde o casal morava era de Rubem. A investigação acredita que o idoso e a esposa tenham sido mortos no local. Depois do crime, os corpos teriam sido levados embora de carro.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) afirma que, em março, peritos criminais realizaram a coleta de 23 vestígios nas duas casas e na área externa do terreno onde vivia o casal. O sangue encontrado pertence a Rubem, segundo o órgão.
O veículo da filha do casal também foi periciado, mas não foram encontrados vestígios de sangue humano, diz o IGP. Uma outra pesquisa, sobre restos de comida e uma seringa encontrada na casa, não encontrou substâncias tóxicas.
A defesa dos investigados afirma que o sangue encontrado pode ser de outra ocasião e que não foram localizadas manchas de sangue no veículo nem na casa da mulher, o que indicaria a não participação dela e do jovem no crime.
De acordo com a polícia, uma semana antes, o neto aplicou película nos vidros do automóvel. Foram encontrados vídeos de lugares ermos nos celulares dos dois suspeitos, o que indicaria a premeditação do crime.
A investigação ainda busca saber a atuação de cada um no crime. A motivação seria vingança, uma vez que a filha já tinha relação conflituosa com os pais e, há alguns anos, teria simulado o próprio sequestro para tentar incriminar o então companheiro, segundo a polícia. Depois disso, o pai teria ficado contra ela.
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Perícia confirmou que sangue encontrado em casa é de idoso desaparecido — Foto: IGP/Divulgação