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No total, 12.055 alunos estão matriculados nas novas escolas militarizadas — Foto: Divulgação/Secom-RR
O governo de Roraima quase dobrou o número de escolas com ensino militarizado e ampliou de 18 para 33 o total de unidades com o modelo de educação no estado. A medida foi criticada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter).
Com as 15 novas escolas militarizadas, o método de ensino atende a 27.885 alunos na capital Boa Vista e no interior (veja abaixo a lista das novas escolas militarizadas). Nestas unidades, a gestão é compartilhada entre educadores e militares.
No método, ampliado na gestão do governador Antonio Denarium (PP), os estudantes têm aulas das disciplinas da base nacional comum atreladas à doutrina militar. O modelo foi adotado em 2016, ainda durante a gestão da ex-governadora Suely Campos (PP).
No total, são 20 escolas militarizadas na capitalBoa Vista e 13 em municípios do interior. A implantação do ensino militar em mais escolas ocorreu no início deste mês, com assinatura do termo de cooperação técnica entre a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Educação (Seed).
Ao ser militarizada, a escola passa a ter a gestão compartilhada entre a Seed, Polícia Militar e Bombeiros, com um gestor militar e um gestor pedagógico.
Na gestão compartilhada, segundo o governo, os militares auxiliam na disciplina dos estudantes, na organização administrativa das escolas e aplicam ensinamentos sobre civismo e patriotismo. Os professores seguem ministrando aulas normalmente.
Para a presidente do Sinter, professora Josefa Matos, este modelo de ensino põe a educação estadual em "uma situação crítica". Isto porque, segundo ela, a gestão militarizada pode "inibir os alunos".
Já o secretário de Educação, Nonato Mesquita, afirma que se trata de "uma conquista para o processo educacional. Ganha a escola, a educação e os municípios que terão escolas militarizadas."
Além das 33 escolas militarizadas - com gestão mista, Roraima tem ainda o Colégio Militar e a Escola Estadual Cívico-Militar Fagundes, do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), onde a educação é totalmente volta ao ensino militar.
No geral, a rede estadual de ensino tem 369 escolas e 77.412 alunos matriculados.
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Sinter critica modelo
A presidente do Sinter, organização que representa professores, assistentes de alunos, secretários de escola e demais trabalhadores em educação, Josefa Matos afirma que o atual modelo com ensino militar tem tirado a autonomia de gestores e professores. Ela diz que o Sindicato tem discutido o método entre professores e a comunidade escolar para fazer um acompanhamento minucioso.
“O Sinter tem uma posição, a gente não é a favor. O gestor está perdendo o seu espaço. Enquanto que um gestor de escola de grande porte ganha uma média de R$ 2 mil, um militar ganha de R$ 5 a 7 mil”.
“O militar está lá com com a finalidade de disciplinar, de doutrinar [...] O que a gente vê hoje nas escolas é que os alunos fazem o que eles [militares] mandam, mas você vê no olho do aluno que ele tem medo. Isso não é bom, porque a gente não forma cidadãos políticos, responsáveis, conscientes. A gente está levando isso tudo para o lado militar", disse.
Os militares que atuam nos colégios são selecionados por um cadastro de interesse. Atualmente, 170 profissionais da segurança atuam nas escolas. Com a ampliação, o número pode chegar a 260 militares.
A Seed estima que 70% do efetivo é composto composto por militares que estavam na inatividade ou reserva remunerada.
Em março deste ano, o governo criou a Secretaria-adjunta de Coordenação dos Colégios Militarizados para garantir assistência específica para essas instituições. À época, o governo justificou a criação da pasta devido à ampliação do modelo.
“O governo do estado está ampliando a rede de colégios estaduais militarizados, por ser um modelo de escola que vem dando bons resultados e que tem a aprovação e procura por grande parte da comunidade” explicou José de Souza, secretário-adjunto da Coordenação dos Colégios Estaduais Militarizados.
Novas escolas militarizadas
Para a implantação nos novos colégios, o governo realizou audiências públicas durante o mês de maio. O projeto passou por debates e votação aberta.
Boa Vista
- Fernando Grangeiro de Menezes, no bairro Caranã;
- Severino Cavalcante; no bairro Dr. Silvio Botelho;
- Carlo Casadio, no bairro Cinturão Verde;
- Carlos Drumond de Andrade, bairro Pricumã;
- Vitória Mota Cruz, bairro Paraviana;
- Camilo Dias, no bairro Liberdade;
- Senador Hélio Campos, no Silvio Leite;
- Tancredo Neves, no bairro de mesmo nome;
- e Sonia de Brito Oliva, no bairro Pintolândia.
Interior
- Mariano Vieira, de Normandia;
- José Aureliano da Costa, do Cantá;
- Dom Pedro II, em Iracema;
- Nova Esperança, em Mucajaí;
- João Rodrigues da Silva, em São Luiz;
- e Ovídio Dias de Souza, no município de Amajari.