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Com suspensão em alguns locais, criaremos ilhas de vacinação, diz infectologista

O Ministério da Saúde orientou a suspensão de vacinação de adolescentes sem comorbidades após a morte de uma jovem de 16 anos. No entanto, a causa foi investigada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que informou não haver relação entre o ocorrido e o imunizante da Pfizer.

Um levantamento feito CNN indica que 19 estados e o Distrito Federal decidiram manter a imunização no grupo etário, apesar da recomendação do ministro Marcelo Queiroga.

Para a infectologista da Unicamp, Raquel Stucchi, a decisão pode gerar heterogeneidade na vacinação, uma vez que alguns adolescentes estarão impedidos de receber as doses, enquanto em outros locais, terão seus direitos garantidos. Na análise dela, a suspensão foi feita de modo “atabalhoado” e sem o respaldo da ciência.

“O que acaba sendo um desdobramento desta atitude atabalhoada do ministro ao falar contra a vacinação, orientar a suspensão da vacinação, falar para os pais não levarem seus filhos para vacinar, [enquanto] os municípios e estados, alguns deles, estão falando: ‘Não, [nós] vamos continuar’, é que nós criaremos ilhas de vacinação. Adolescentes que terão o seu direito garantido de serem vacinados e outros que terão esse direito tolhido por motivos que não são justificáveis, infelizmente, e os expondo a maior risco também.”

Raquel Stucchi destaca que faltou Queiroga ouvir o comitê de assessoramento e que é um grande prejuízo para o ministério da Saúde e o Programa Nacional de Imunizações não conseguir realizar uma coordenação ampla da campanha contra a Covid-19.

Eventos adversos

A infectologista explica que os casos de “Todos os casos relatados de miocardite na literatura não tiveram maior gravidade, alguns adolescentes precisaram, sim, de internação, foram medicados e tiveram alta, voltaram para suas casas.”

Raquel recomenda que os adolescentes sejam vacinados com as duas doses da vacina, uma vez que a chance de se contaminarem com a Covid-19 e adoecerem é extremamente mais alta se comparada com o risco baixo inerente a qualquer vacina.

“A chance de uma miocardite pela vacina é extremamente mais baixa do que a chance de uma miocardite em adolescente que contrai Covid-19. Isso embasa e justifica a manutenção, no mundo todo, da indicação de vacinação de crianças e adolescentes a partir de 12 anos de idade.”

Vacinação de adolescentes contra a Covid-19 no Rio Grande do Sul
Vacinação contra a Covid-19 em Porto Alegre (RS) / Cristine Rochol/PMPA


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