Na quinta-feira (9), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou novos dados do Boletim InfoGripe que apontam para quase 70% dos episódios de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) nas últimas quatro semanas ligados à infecção pelo coronavírus. Na edição anterior, publicada em 1º de junho, a proporção era de 59,6%.
Em entrevista à CNN neste domingo (12), o pesquisador e coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, disse que isso pode ser explicado pelo relaxamento de medidas de proteção.
“Estamos com uma rotina que já é muito similar ao que era no pré-Covid. Muitas pessoas deixaram de usar máscaras, os eventos estão liberados sem restrição de público. E como o vírus ainda está presente, facilita a transmissão”, disse.
Gomes avalia que a dose de reforço da Covid-19 não está no patamar ideal.
“Infelizmente a dose de reforço acabou sendo deixada de lado. As pessoas perderam um pouco o medo da Covid, ou não entenderam o papel da dose de reforço e isso tá cobrando o preço hoje”, afirma.
O pesquisador alerta que é essencial que todas as pessoas tomem as vacinas extras quando elegíveis.
“Quem ainda não tomou as primeiras ou a terceira dose, isso é muito importante. Sabemos ao longo da pandemia, principalmente com a variante Ômicron, que é muito importante o resgate da memória imunológica. Nosso organismo precisa desse reforço”, avaliou.
Segundo a plataforma da Fiocruz, 92,22% das mortes em decorrência de vírus respiratórios, entre 29 de maio e 4 de junho, foram provocadas pelo vírus causador da Covid-19. Neste período, os pesquisadores estimam uma média de 7,7 mil quadros de SRAG no país.
O coordenador do InfoGripe avalia que, depois dos idosos, as crianças são as mais vulneráveis.
“Se olhamos o cenário das crianças de zero a quatro anos, só não é pior que o grupo dos idosos. Elas não têm condições de máscaras, não têm vacinas disponíveis, então tudo que deixarmos de fazer [em termos de medidas protetivas] vai impactar os nossos pequenos”, disse.