Carregando...

Com concessão, trabalhadores temem ter que sair dos pontos turísticos de Poços de Caldas, MG

Com concessão, trabalhadores podem ter que sair de pontos turísticos

Com concessão, trabalhadores podem ter que sair de pontos turísticos

Por causa da pandemia, os trabalhadores do turismo de Poços de Caldas ficaram sem renda. E mesmo agora, com a reabertura gradual dos espaços, eles estão com o futuro incerto. Isso porque os pontos turísticos devem passar para a concessão privada e, com isso, os profissionais podem ter que sair desses locais.

Uma loja na Fonte dos Amores, por exemplo, um dos tradicionais pontos turísticos de Poços de Caldas, pertence à mesma família há 45 anos.

“A gente tem uma tradição, pode-se dizer que a gente é totalmente do turismo, envolvido com o turismo. Fizemos um laço de amizade muito grande aqui, que praticamente muitas das pessoas voltam na Fonte dos Amores para ver a gente, para tomar um café e comer um pão de queijo”, destacou o comerciante Widi Marques.

Os pontos turísticos foram fechados em março deste ano. Agora, mesmo com a liberação do turismo na cidade, esses locais permanecem fechados. A preocupação dos comerciantes é com o processo de licitação que será realizado este mês e que irá transferir a administração desses pontos para a iniciativa privada.

“Como já abriu várias coisas na cidade, a gente vendo nossa maneira de pensar, por ser um lugar livre, de ar e ventilação, não teria uma oposição que pudesse manter o complexo fechado. Abriram os hotéis, abriram as feiras, vai funcionar as charretes e as vans. O pessoal vem para a cidade para poder passear nos pontos turísticos”, completou Widi.

O músico Ricardo Guerra destaca que esta situação á afeta ele, que se apresentava no local.

“Fui um dos primeiros a parar e estamos sendo os últimos a retornar as atividades profissionais. É uma coisa que me prejudicou muito. Não só a mim e minha família”, diz Ricardo.

Trabalhadores temem perder local de atuação com os pontos turísticos fechados e concessão próxima em Poços de Caldas (MG) — Foto: Erlei Peixoto/EPTV

Trabalhadores temem perder local de atuação com os pontos turísticos fechados e concessão próxima em Poços de Caldas (MG) — Foto: Erlei Peixoto/EPTV

A empresa que vencer a licitação poderá explorar os serviços por 35 anos. Além da Fonte dos Amores, o município também vai transferir para iniciativa privada a administração do Recanto Japonês e o complexo do Cristo Redentor, incluindo o teleférico.

Outro ponto turístico muito tradicional na cidade que continua fechado e que também será terceirizado é o Véu das Noivas. No local havia uma feira de artesanato fixa.

Ela funcionava todos os dias, mas agora o pessoal foi informado que, por causa da concessão, não poderá mais trabalhar na feria. Situação que deixou dezenas de artesãos e comerciantes revoltados.

Muitos artesãos trabalham há mais de 20 anos no local. O grupo criou uma associação que arcava com despesas de água, segurança privada e limpeza do espaço.

“Agora, eles elegam que a gente não tem nenhum vínculo com a prefeitura, que nós somos invasores apenas. Mas, durante esses 20 anos, para fazer tudo isso nós não fomos invasores. Ninguém falou ‘saiam dai porque vocês não estamos legalizados’. Agora, devido à concessão, eles alegam que não é pela pandemia, mas pela concessão, mesmo que abram os pontos turísticos, vocês não vão voltar mais para cá”, aponta a artesã Dora Rita Cunha Machado.

O guia turístico Rafael Diogo Carvalho parou de trabalhar com a suspensão do turismo. Ele defende a reabertura dos pontos turísticos antes mesmo da concessão. Para ele, seria uma maneira de evitar aglomerações de turistas em outros pontos da cidade.

“O pessoal vem para a cidade automaticamente, o que vai acontecer, eles vão todos para um local só de visita. E dentro disso, abrindo os pontos turísticos, a gente já tem montado um protocolo de segurança”, pontuou.

O edital de concessão dos pontos turísticos não estabelece se os artesãos terão direito a continuar nos locais. De acordo com eles, a prefeitura propôs criar uma nova feira, que não seria diária como a do Véu das Noivas e sim em outro local. Isso também não garantiria que eles participariam da feira já que a seleção é aberta a toda comunidade.

“É uma vida toda que eu estou aqui, isso que está acontecendo comigo e todos nós é muito desagradável. Vivi aqui 23 anos, aqui criei meus filhos, estudei meus filhos, até que no começo da pandemia saiu tudo daqui o sustento da minha casa, os estudos dos meus filhos. Todo mundo que trabalha aqui precisa muito disso”, disse a comerciante Rosa Maria Diniz.

Enquanto isso, comerciantes e artesãos aguardam uma respostas.

“O que nós queremos é um local para trabalhar, porque são mais de 30 famílias que estão sem uma fonte de renda”, falou Rita Cunha Machado.

O secretário de governo, Celso Donato, falou sobre a situação enfrentada pelos trabalhadores de turismo de Poços de Caldas.

“Com relação ao pessoal do Véu das Noivas, nós temos tido um cuidado muito grande para com eles. Estamos buscando um lugar ao sol para que todos possam continuar o exercício da suas profissões. Hoje, por conta da pandemia, desde abril, eles estão impedidos de trabalhar. E Country Clube [que não está incluso na concessão], que nós vamos publicar um chamamento na próxima semana, vai permitir, por exemplo, que já no mês de novembro, independente do Véu das Noivas estar funcionando ou não, eles poderem expor”, disse.

VÍDEOS: Veja as últimas notícias do Sul de Minas

8 vídeos

Veja mais notícias da região no G1 Sul de Minas


Deixe uma resposta

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados*